sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Alicia Fernández: "Aprendizagem também é uma questão de gênero"

Para a psicopedagoga argentina, as dificuldades da criança em sala de aula têm relação com os papéis atribuídos a homens e mulheres

 ALICIA FERNANDEZ"  Não é permitido ao professor, por exemplo, agir com ternura, criatividade e sensibilidade".


Uma questão despertava a atenção da psicopedagoga argentina Alicia Fernández na década de 1980. A maioria dos casos relacionados a dificuldades escolares que chegavam ao consultório dela se dava com meninos e não com meninas.Um estudo realizado entre 1986 e 1989, com crianças e jovens menores de 14 anos, comprovou uma observação: 70% deles eram do sexo masculino. A constatação de que o cenário se repetia em outros países estimulou a investigação sobre o assunto. O resultado está no livro A Mulher Escondida na Professora, que discute o papel feminino na Educação. Com 63 anos, a diretora da Escola Psicopedagógica de Buenos Aires presta serviços de consultoria a instituições de formação em seu país e também no Uruguai, em Portugal, na Espanha e no Brasil. "Sinto que sou um pouco nômade", afirma. Atualmente, ela desenvolve pesquisas sobre hiperatividade e déficit de atenção na infância, problemas que cada vez mais são identificados, inclusive no Brasil.
Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA no Uruguai, Alicia explica que esses distúrbios são reflexos do comportamento da sociedade, permeado pelas questões de gênero, e não algo que aparece de forma espontânea e isolada em cada um dos alunos.

Por que relacionar as questões de gênero à aprendizagem?
ALICIA FERNÁNDEZ Percebi que a maioria das crianças que chegava para o atendimento psicopedagógico em meu consultório era de meninos. Achei que essa observação merecia uma pesquisa. Procurei estatísticas em outros países e constatei a mesma situação. Ainda hoje, de 75 a 80% dos pacientes encaminhados para o atendimento desse tipo são do sexo masculino.Para entender melhor a questão, comecei a analisar as famílias e percebi que em casa a figura feminina (mãe, avó, babá, irmã mais velha, tia etc.) era a responsável pelas primeiras descobertas dos pequenos.

Como a orientação feminina interfere na aprendizagem dos meninos? ALICIA Considerando que os humanos aprendem por identificação, é possível imaginar como é difícil para um garotinho ser ensinado por uma mulher a fazer xixi usando o vaso sanitário,por exemplo. Ela não é um modelo para ele porque não age da mesma maneira. Isso se repete na escola, onde a maioria é de professoras. Sempre queremos nos parecer com quem ensina e é por isso que para os meninos é mais complexo dar uma significação prazerosa ao conhecimento.

Como se explicam, então, os problemas escolares apresentados pelas meninas em sala de aula?
ALICIA Com as garotas, o caso é outro. As dificuldades delas ficam escondidas porque o modelo que se tem de bom aluno é aquele que não questiona, é quieto, obediente, passivo e caprichoso nas atividades. Elas, em geral, reúnem essas características e, por isso, são valorizadas. Esses critérios de avaliação são criados por mulheres, que não consideram as questões de gênero presentes na sociedade. Se esse processo fosse encabeçado por homens, a situação seria diferente porque eles levam em conta outras coisas, como a espontaneidade e a ousadia.Porém o problema não se resolveria se eles também não pensassem nessa dicotomia.

Quais as principais queixas em relação aos estudantes encaminhados aos consultórios psicopedagógicos? ALICIA Os meninos apresentam hiperatividade e as meninas são diagnosticadas com distúrbios de atenção - estão sempre dispersas e não se concentram. Ambos os casos levam à dificuldade de aprendizagem e são considerados questões de gênero. Quando falamos de crianças, o maior número de pacientes é do sexo masculino, mas a proporção se equipara quando nos referimos aos adolescentes. Isso acontece porque eles, de modo geral, questionam tudo e todos.É assim que constroem o seu pensamento. Se a garota foi reprimida na infância, podem se manifestar durante sua adolescência distúrbios como anorexia e bulimia. Ela não se permite comer para se satisfazer ou come e sente necessidade de vomitar. É como se não tivesse direito de se apropriar do alimento. Essa mesma lógica ocorre em relação ao conhecimento.

Cabe ao professor desenvolver um trabalho intencional sobre gêneros?
ALICIA Eu afirmaria que sim se não tivesse medo de isso se transformar numa técnica, ou seja, o educador falar sobre o assunto duas horas por semana e nada mais.O assunto é para ser trabalhado de maneira transversal, com constância, nas mais diferentes disciplinas.É preciso, por exemplo, corrigir alguns textos que se encontram nos livros de História, como: "Os egípcios moravam na beira do rio Nilo. Suas mulheres..." O texto não diz claramente que as mulheres são propriedade dos homens, mas sutilmente sugere que a palavra egípcios, no trecho, não se refere ao povo como um todo. Essas mensagens subliminares são profundas e perigosas, pois criam um modo de pensar. É necessário excluir isso das aulas.

Cite outras situações de preconceito em relação à mulher.
ALICIA Quando procuramos as palavras homem e mulher em dicionários espanhóis e brasileiros, encontramos embaixo da primeira a seguinte definição: "homem público, indivíduo que ocupa um alto cargo do Estado". Já mulher pública é definida como prostituta, meretriz. Isso está em publicações que, se supõe, falam de conceitos e não de mitos. A professora é uma pessoa pública, uma cientista, importante na vida da comunidade. Outro exemplo de problema relacionado ao gênero: as carreiras de caráter feminino demoram mais para serem reconhecidas. Isso acontece especificamente no Brasil com a Psicopedagogia, em que a maioria dos profissionais é mulher e - diferentemente do que ocorre na Argentina - ainda não é regulamentada.

Pesquisas indicam que muitos educadores atribuem dificuldades de aprendizagem dos alunos a uma condição social desfavorável.
ALICIA Não acredito nisso. Na Argentina, no sul da Patagônia, trabalhei com psicopedagogos e docentes numa comunidade indígena. Havia a idéia de que o povo que ali vivia não aprendia. Quando a história dessa comunidade começou a ser explorada, descobrimos que no passado os índios tinham muito conhecimento na área da saúde. Com isso, ficou claro que antes eles não aprendiam porque precisavam esconder suas origens e, assim, se adequarem aos nossos padrões. Alguns deles foram matriculados em escolas regulares argentinas e alcançaram notas altas nas avaliações, ficando entre os 10% com melhor desempenho dentro da capital federal. Esse exemplo comprova que se reconhecermos que, o outro é inteligente, independentemente
de raça, classe social e sexo, grande parte
das dificuldades deles desaparece.

Como as questões de gênero influenciam a profissão docente?
ALICIA Os sistemas educativos estão organizados conforme as sociedades patriarcais e, por isso, aspectos da singularidade dos gêneros são negados ou exibidos com excesso, quase como em uma caricatura.

Esses estereótipos prejudicam os docentes e, sem dúvida, os estudantes. O que o homem deixa de lado quando se dedica ao magistério?
ALICIA Às vezes, ele é o único dentro de um grupo grande de mulheres. Por isso, pesa sobre ele a responsabilidade do sexo masculino, ou seja, ele é visto como o grande pai. Quando é preciso chamar a atenção de um aluno, delegam essa função a ele - que não pode se constituir em um modelo de masculinidade como deseja. Não é permitido ao professor, por exemplo, agir com ternura, criatividade e sensibilidade. Se ele assume esse lado, vira motivo de chacota.

E a mulher, o que esconde? ALICIA As próprias idéias. Ela não discute opiniões e tem medo de publicar algo que escreveu. Não é à toa que 90% dos docentes são do sexo feminino e a quantidade de livros publicados por homens é muito maior.Na maioria dos países que pesquisei, cerca de 80% das publicações desse tipo são de homens.

Como mudar essa situação?
ALICIA Para que as mulheres se autorizem em público, é preciso que elas estejam dispostas a enfrentar quem não concorda com elas. Não é fácil. É necessário tempo para que isso aconteça, pois elas foram preparadas para estarem sempre sorridentes e submissas às imposições. Há trabalhos extraordinários que as professoras fazem e que deveriam se tornar públicos. Entretanto, elas não se animam a escrever suas experiências. Muitas dizem que são a única a pensar de forma diferente na escola. Então, pergunto: "Você já socializou suas idéias com colegas?" Geralmente a resposta é não.Nesse momento, digo que é possível existirem mais duas ou três que compartilham as mesmas opiniões e, juntas, elas poderiam ganhar força nesse questionamento.Por outro lado, há mulheres que quando querem se impor carregam na caricatura do sexo oposto. Elas são ouvidas, mas ficam com a imagem de agressivas e violentas. Esse não é um bom modelo nem para os alunos nem para a sociedade.

Essa falta de autoria tem a ver com as experiências na infância?
ALICIA Sim. A mulher que não se expõe é reflexo da menina que teve de esconder o que pensava, pois suas perguntas nunca eram consideradas apropriadas e as respostas sempre estavam incorretas. Com isso, deixou de questionar o mundo ao redor e passou a registrar tudo em um diário que ninguém pudesse ler. Essa é uma prática comum e exclusivamente feminina.Quando trabalho a psicopedagogia com adultas, proponho o resgate da garotinha que elas já foram um dia para que voltem a se permitir fazer perguntas, conhecer, descobrir e serem espontâneas. Defendo que nunca nos esqueçamos da criança e do adolescente que fomos no passado.

Como não minar o espírito infantil que há em cada aluno?
ALICIA Geralmente, na passagem da préescola para o 1o ano, parte das atividades comuns na Educação Infantil é deixada de lado para que se foque mais nos conteúdos escolares. Com isso, a mensagem passada é que a vida mudou e é necessário assumir afazeres mais importantes. Artistas, poetas, escritores e mesmo os cientistas - autores de grandes invenções para a humanidade - guardam a essência do brincar.Nenhum desses profissionais seria bem-sucedido se não tivesse viva a criança interior, que é questionadora. Os educadores podem ajudar a mudar muito a sociedade nesse sentido. Claro que é um trabalho demorado, mas é profundo porque ele está em contato com seres que são frágeis e aprendem por meio de referências.

De que maneira um mestre pode se tornar um modelo?
ALICIA Sempre nos lembramos daqueles que ensinavam com entusiasmo e dos que tinham senso de humor.Nunca nos remetemos a eles como alguém que lecionava bem. Quando se alfabetiza, por exemplo, se ensina o amor pela leitura e não só o ato de ler. Se o aluno aprende apenas a técnica, não vira um bom leitor. Quando um mestre desempenha sua função com esse grau de qualidade, deixa para trás qualquer problema relacionado à questão de gênero.


Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
A Inteligência Aprisionada
, Alicia Fernández, 264 págs., Ed. Artmed, tel.0800-703-3444, 46 reais
A Mulher Escondida na Professora, Alicia Fernández, 182 págs., Ed. Artmed, 46 reais
O Saber em Jogo, Alicia Fernández, 184 págs., Ed.Ar tmed, 39 reais
Os Idiomas do Aprendente, Alicia Fernández, 224 págs., Ed. Artmed, 44 reais
Psicopedagogia em Psicodrama, Alicia Fernández, 208 págs., Ed. Vozes, tel.(21) 2233-9000, 32,10 reais

INTERNET
Acesse www.epsiba.com e leia em espanhol artigos de Alicia Fernández

Entrevista dada a revista Nova Escola disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/aprendizagem-tambem-questao-genero-432236.shtml

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Lei Maria da Penha

Lei Maria da Penha: Seis anos de Conquistas e Desafios
De janeiro a julho já foram contabilizados 1.754 queixas
Maria Edjane Santos também foi vítima de violência em 2010
Para muitas pessoas a data 7 de agosto pode passar despercebida, mas para centenas de mulheres que já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica, essa data significa muito. A Lei Federal 11.340 mais conhecida como Lei Maria da Penha, sancionada no dia 7 de agosto de 2006, alterou o Código Penal ao punir mais severamente agressores, que hoje podem ser presos em flagrante ou terem prisão preventiva decretada.
Uma vez constatada a violência doméstica, o juiz poderá aplicar ao agressor medidas de proteção da mulher, como suspensão ou restrição do porte de armas e afastamento do lar. O acusado também poderá ser proibido de manter contato ou se aproximar da mulher e de seus familiares e amigos.
Delegada do DAGV, Renata Abreu
A equipe do Portal Infonet conversou com a delegada do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) de Aracaju, Renata Abreu Aboim.  De acordo com a delegada, a princípio, a lei provocou um receio quanto a sua eficiência. “A lei chocou um pouco assim que entrou em vigor porque ela veio para endurecer a forma de tratar os casos de violência doméstica e muitas situações que não era possível o agressor ser preso, começaram a surgir. Muita gente não acreditava que estava sendo preso, às vezes só por apenas xingar a companheira, isso com a lei Maria da Penha começou a ser possível”, afirma a delegada.
Ela fala ainda sobre os ganhos com a nova lei. “O ganho maior que eu vejo é exatamente de ver as mulheres mais firmes, mais decididas em denunciar e levar o caso para frente porque infelizmente eu não vejo como a lei vai diminuir os casos, como o homem vai deixar de ser agressivo por conta da lei, acho que essa realidade só muda com a educação”, acredita.
Dados estatísticos do DAGV, apontam que de janeiro a julho deste ano já foram contabilizados 1.754 queixas no departamento, sendo uma média de 250 por mês. Quanto ao número de inquéritos policiais impetrados, somente em 2011 foram 949. Já em 2012, até o momento existem cerca de 700 inquéritos policiais.
Aslane Maria faleceu após ter 80% do corpo queimado. O acusado é o companheiro
Esses dados revelam, segundo Renata Abreu, que um maior número de vítimas estão tendo interesse em que o caso seja encaminhado à justiça. “Elas estão tendo mais interesse em mandar para a justiça, porque antes elas vinham, faziam a denúncia e não apareciam mais. Muitas delas desistem, mas depois que a gente instala o inquérito policial não pode mais desistir, a gente encaminha para a justiça”, revela.
Além de Aracaju, o município de Nossa Senhora do Socorro possui o Centro de Atendimento a Grupo Vulneráveis e em alguns municípios existem as Delegacias Especializadas da Mulher a exemplo de Itabaiana, Estância, Lagarto e Nossa Senhora da Glória. Quanto ao quantitativo de delegacia necessário no interior do estado, a delegada é enfática. “Para criar uma estrutura tem que ter uma demanda necessária, porque vai ter um gasto com prédio, com servidores. Então tem que fazer uma análise criteriosa nesse sentido, agora acredito que nos lugares mais importantes hoje, se tem delegacias especializadas, ou seja, são os municípios maiores e que tem uma demanda considerável e que realmente fazia necessário uma delegacia especializada”, reforça.
Vítimas
Defensora Elvira Lorenza
Por inúmeras vezes, o Portal Infonet vem noticiando casos de mulheres vítimas de violência. Uma delas foi a jovem Aslane Maria da Silva, de 20 anos, que estava internada no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) desde o dia 5 de maio deste ano, vítima de queimadura, mas veio a óbito no dia 29 de julho. A jovem teve 80% do corpo queimado pelo próprio marido dentro da residência do casal, localizada no loteamento Guajará em Nossa Senhora do Socorro.
O avô de Aslane, José Francisco dos Santos, pede justiça. “Infelizmente a gente tem que se conformar. Não podemos fazer mais nada, só pedir a deus por que a coloque em um bom lugar. E mesmo  assim queremos justiça”, pede.
Outra vítima de violência foi Maria Edjane dos Santos, mãe de 4 filhos. A mulher foi abusada sexualmente em abril de 2010, por um homem identificado como Junior que ainda a espancou durante o ato sexual.
Defensoria
Mulheres vítimas de violência doméstica também buscam auxílio na Defensoria Pública de Sergipe. Muitas delas procuram para dar entrada no pedido de guarda dos filhos ou de divórcio. As denúncias podem ser feitas no Fórum Gumerssindo Bessa, onde funciona a 11ª Vara Criminal, no turno da manhã. E no Núcleo da Defensoria no turno da tarde.
Somente de janeiro até o dia 3 de agosto de 2012, foram feitos 321 atendimentos no Núcleo Especializado de Defesa da Mulher (Nudem) e mais 98 atendimentos no Fórum. Já em andamento na 11ª Vara Criminal foram ajuizados 1.564 processos, dos quais 1.078 são relacionados à Lei Maria da Penha.
De acordo com a coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa da Mulher (Nudem), a defensora Elvira Lorenza, apesar do número considerável de procedimentos, muitas delas desistem de ir em frente com a ação. “Elas comparecem para ajuizar uma ação, a gente solicita os documentos e muitas delas saem pra pegar e não voltam mais. Outras, assim que sofrem a agressão quer a todo custo ser atendida, a gente toma as medidas necessárias e ela chega e desiste. Quando ela se reconcilia, poucas são as que vem pra dizer que se reconciliou,  a grande maioria muda de endereço e não comunica, aí o processo acaba morrendo porque não temos como cumprir o despacho”, explica a defensora.
Outro desafio enfrentado por algumas vítimas se referem as próprias vítimas se sentirem incapazes de sobreviver sem o auxílio do companheiro. "Apesar dela querer denunciar, quando chega a realidade de ter que enfrentar a vida sozinha, muitas vezes elas voltam e se acomodam. Muitas delas porque não tem coragem de ir a luta", diz a defensora Elvira. Com isso, muitas preferem o tradicional discurso "Ruim com ele, pior sem ele' ou como acrescenta a defensora "Minha mãe apanhou, minha avó apanhou, porque eu não aguento?".
Apesar das conquistas e dos desafios pela frente, mulheres que sofreram na pele algum tipo de violência, se reunirão em um encontro a ser realizado pelo Nudem, na próxima quarta-feira, dia 8 de agosto, com o objetivo de receber orientação quanto aos direitos e possam trocar experiências.
Por Aisla Vasconcelos

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Polícia britânica pede desculpas por cartaz sobre estupro

BBC 03/08/2012 05h57 - Atualizado em 03/08/2012 07h13

Polícia britânica pede desculpas por cartaz sobre estupro

Segundo ONG, campanha dava a entender que, ao frequentar festas e beber, vítimas teriam responsabilidade nos abusos.

Da BBC
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Polícia britânica pede desculpas por cartaz sobre estupro (Foto: BBC)Polícia britânica pede desculpas por cartaz sobre
estupro; texto diz: 'Não deixe uma noite cheia de
promessas se transformar em uma manhã cheia
de arrependimento (Foto: BBC)
A polícia inglesa pediu desculpas por uma campanha anti-estupro que ativistas classificaram como 'inapropriada'.
Segundo a ONG Centro de Apoio às Vítimas de Estupro e Abuso Sexual de Worcestershire, a campanha 'Uma Noite Segura', da polícia da região de West Mercia, culpava vítimas que haviam bebido por casos de agressão sexual.
'Não é o álcool que causa estupro, embora ele seja um fator de vulnerabilidade. Os estupradores são os responsáveis pelo estupro', disse Jocelyn Anderson, representante da ONG.
O cartaz da campanha foi distribuído por bares da região em julho. Ele mostra uma mulher divertindo-se em uma festa e logo em seguida caída no chão, em aparente sofrimento. 'Não deixe uma noite cheia de promessas terminar em uma noite cheia de arrependimento', diz.
'Se a campanha causou angústia, esse não era o nosso objetivo, então peço desculpas por isso. Seu objetivo não era culpar as vítimas, mas difundir informações que possam ajudar', disse o representante da polícia de West Mercia Ivan Powell.
'Entendo algumas preocupações sobre a natureza do cartaz, mas gostaria de sublinhar que estávamos tentando dar informação para as potenciais vítimas sobre como elas podem evitar tornar-se vulneráveis.'
Segundo Anderson, o problema é que o cartaz sugere que se não beberem as mulheres podem evitar o estupro. 'Eu acho ótimo que a polícia tenha percebido que estava passando uma mensagem errada e admitiu que estava errada.'
No ano passado, um movimento de protesto ganhou as ruas de vários países após um policial de Toronto, no Canadá, ter sugerido que as estudantes do sexo feminino deveriam evitar se vestir como 'vagabundas' para não serem vítimas de assédio sexual.