quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA EMOCIONAL



Todos os anos somos confrontados com os números divulgados por associações de apoio à vítima. Todos os anos nos sentimos chocados com o facto de haver mulheres que continuam a morrer nos braços de um cônjuge violento. Todos os anos – pelo menos na última década – ouvimos dizer que a violência não é só física e que a escalada começa quase sempre pelos abusos psicológicos. Ainda assim, as relações amorosas marcadas pelos maus-tratos continuam a existir e as campanhas de informação parecem atingir apenas aqueles que não precisam delas.

Um dos motivos por detrás da tragédia destes números está relacionado com a falta de autoconfiança e de autoestima destas mulheres. Afinal, por detrás de carreiras de sucesso e imagens imaculamente tratadas estão tantas vezes feridas emocionais profundas, que perduram no tempo e que as impedem de fazer o que tem de ser feito. Os factos são quase sempre os mesmos e em cada história só muda o nome dos protagonistas:

Os abusos acontecem dentro de casa.
O agressor nega os seus atos.
O agressor culpa a vítima (e consegue que esta se sinta culpada).
Os abusos verbais deterioram gradualmente a autoestima da vítima.

QUEM SÃO ESTES AGRESSORES?

Por incrível que possa parecer, são quase sempre:
Inseguros
Carentes
Desconfiados
Ciumentos
Controladores
Incapazes de assumir a culpa/ responsabilidade.

Como não conseguem assumir a sua insegurança, muitas vezes é difícil perceber que se sintam impotentes. Aquilo que se vê (ou aquilo que a vítima experimenta) é uma necessidade constante de exercer poder, de controlar tudo.

COMO É QUE AS VÍTIMAS CAEM NA ARMADILHA DO AGRESSOR?

Na violência emocional tudo gira em torno da comunicação e para o agressor o que importa é ganhar. As vítimas normalmente reagem às críticas/ acusações tentando explicar-se, como se o agressor estivesse realmente interessado em ouvi-las. NÃO ESTÁ. O que é que é preciso fazer?

COLOCAR UM TRAVÃO
IMPOR LIMITES
DIZER NÃO.

A maioria das vítimas procura dar resposta a estes confrontos tentando acalmar o agressor, minimizando os conflitos. Não resulta. Nunca. Os abusos vão continuar.

Quem vive numa relação marcada por abusos tende, infelizmente, a minimizar o problema. São muitos os casos de mulheres que acompanho em contexto terapêutico que relatam episódios em que o cônjuge parte objetos, bate com as portas, esmurra o volante do carro ou pontapeia cadeiras… “Não conseguiu controlar-se mas a verdade é que nunca me agrediu” – dizem tantas vezes, desculpando-os. Ignoram, por exemplo, que estes comportamentos não têm lugar noutras relações. A mesma pessoa seria incapaz de tamanha violência em contexto profissional, por exemplo.

De um modo geral, estes episódios obedecem a um padrão:
1.º - Escalada de tensão.
2.º - Comportamento violento.
3.º - Remorsos e pedidos de desculpas.
4.º - “Lua-de-mel”.

POR QUE É QUE ESTAS MULHERES AGUENTAM TANTOS ATAQUES?

Em primeiro lugar, porque acreditam que o agressor é capaz de mudar. Acreditam nas promessas. Afinal de contas, há momentos bons entre cada episódio de violência. Em segundo lugar, porque destas relações há muitas vezes crianças que a vítima ACHA que está a proteger dos danos de um divórcio. Como já tenho tentado enfatizar noutros textos, há ainda outros motivos que levam a que estas mulheres permaneçam nestas relações abusivas:

Dependência financeira.
Não ter para onde ir.
Isolamento social/ inexistência de uma rede de suporte sólida.
Medo de perder a guarda das crianças.

Como o agressor utiliza a manipulação para afastar a vítima das pessoas que a poderiam realmente proteger/ ajudar a quebrar o ciclo vicioso, esta acaba por sentir-se muitas vezes humilhada mas incapaz de reconhecer uma saída. Como se não houvesse volta a dar. Mas é possível dar a volta. E o primeiro passo é:

FALAR SOBRE O ASSUNTO.
ASSUMIR O PROBLEMA.

É quase sempre essencial abordar a questão em contexto terapêutico e, desta forma, dar início à reconstrução – sólida – da autoestima. Muitas vezes o pedido de ajuda surge antes de a mulher sair de casa, antes de dizer BASTA. As primeiras consultas decorrem num ambiente de secretismo, essencial para que ganhem a segurança suficiente para dar os passos seguintes, munindo-se nessa altura de todos os recursos à sua disposição – contando à família alargada e aos amigos, denunciando os abusos e recorrendo ao apoio judicial.

Se a pessoa que está ao seu lado insiste em fazer SEMPRE as coisas à sua maneira, tem explosões de agressividade, é rude consigo, critica a sua família e os seus amigos e/ou é excessivamente desconfiado,ESTEJA ATENTA. Estes podem ser os primeiros sinais de uma relação abusiva.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Na esfera jurídica, violência significa uma espécie de coação, ou forma de constrangimento, posto em prática para vencer a capacidade de resistência de outrem, ou a levar a executá-lo, mesmo contra a sua vontade. É igualmente, ato de força exercido contra as coisas, na intenção de violentá-las, devassá-las, ou delas se apossar.




Existem vários tipos de armas utilizadas na violência contra a mulher, como: a lesão corporal, que é a agressão física, como socos, pontapés, bofetões, entre outros; o estupro ou violência carnal, sendo todo atentado contra o pudor de pessoa de outro sexo, por meio de força física, ou grave ameaça, com a intenção de satisfazer nela desejos lascivos, ou atos de luxúria; ameaça de morte ou qualquer outro mal, feitas por gestos, palavras ou por escrito; abandono material, quando o homem, não reconhece a paternidade, obrigando assim a mulher, entrar com uma ação de investigação de paternidade, para poder receber pensão alimentícia.



Mas nem todos deixam marcas físicas, como as ofensas verbais e morais, que causam dores,que superam, a dor física. Humilhações, torturas, abandono, etc, são considerados pequenos assassinatos diários, difíceis de superar e praticamente impossíveis de prevenir, fazendo com que as mulheres percam a referencia de cidadania.



A violência contra a mulher, não esta restrita a um certo meio, não escolhendo raça, idade ou condição social. A grande diferença é que entre as pessoas de maior poder financeiro, as mulheres, acabam se calando contra a violência recebida por elas, talvez por medo, vergonha ou até mesmo por dependência financeira.



Atualmente existe a Delegacia de Defesa da Mulher, que recebe todas as queixas de violência contra as mulheres, investigando e punindo os agressores. Como em toda a Polícia Civil, o registro das ocorrências, ou seja, a queixa é feita através de um Boletim de Ocorrência, que é um documento essencialmente informativo, todas as informações sobre o ocorrido visam instruir a autoridade policial, qual a tipicidade penal e como proceder nas investigações.



Toda a mulher violentada física ou moralmente, deve ter a coragem para denunciar o agressor, pois agindo assim ela esta se protegendo contra futuras agressões, e serve como exemplo para outras mulheres, pois enquanto houver a ocultação do crime sofrido, não vamos encontrar soluções para o problema.



A população deve exigir do Governo leis severas e firmes, não adianta se iludir achando que esse é um problema sem solução. Uma vez violentada, talvez ela nunca mais volte a ser a mesma de outrora, sua vida estará margeada de medo e vergonha, sem amor próprio, deixando de ser um membro da comunidade, para viver no seu próprio mundo.



A liberdade e a justiça, são um bem que necessita de condições essenciais para que floresça, ninguém vive sozinho. A felicidade de uma pessoa esta em amar e ser amada. Devemos cultivar a vida, denunciando todos os tipos de agressões (violência) sofridas.