“Embora pareçam jovens para mim, meus pais têm apenas vinte e poucos anos. Mais tarde, quando adulta, darei valor à maneira como eles suportam o estresse e a tensão decorrentes do fato de serem tão jovens e já casados, com duas crianças pequenas. Mais tarde, depois de me casar e me divorciar duas vezes, perguntarei a mim mesma como eles continuaram juntos, ficarei maravilhada por não ter havido mais discussões e me sentirei grata pela ausência da violência. Mais tarde, quando eu me arrastar para um canto escuro, debaixo da escrivaninha no apartamento em que moro com meu primeiro marido, encostando os joelhos no queixo, na esperança de me tornar bem pequena, a ponto de ele não conseguir me puxar para fora e bater em mim de novo, pensarei em meus pais. E quando meu marido tentar me convencer de que o que está acontecendo conosco é normal entre recém-casados, que todos os jovens casais convivem com a infelicidade e a violência, quase acreditarei nele. Quase. O que vai me salvar é a lembrança dos meus pais que, mesmo quando jovens, discutiam sem violência, riam mais do que choravam e se divertiam mais do que brigavam.”
(A DANÇA – ORIAH MOUNTAIN DREAMER – p. 36,37)
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